O vereador de Natal Robério Paulino (PSOL) pediu punição para os mentores dos atos golpistas ocorridos no último domingo 8 em Brasília. As manifestações antidemocráticas culminaram na depredação da sede dos Três Poderes. O parlamentar disse que não se pode punir apenas quem esteve presente na ação. “Estamos tratando de um crime gravíssimo contra a democracia e a Constituição”, disse. Segundo ele, o principal responsável pelo acontecimento é o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Robério classificou os acontecimentos de 8 de janeiro como “terrorismo” e “clara tentativa de golpe de estado”. “Um crime e uma afronta à Constituição e ao Estado Democrático de Direito, que devem ter a mais dura resposta das instituições, do povo brasileiro, dos verdadeiros democratas. Afinal, o que pediam esses manifestantes nas portas dos quartéis já há dois meses senão golpe militar?”, indagou.
O vereador questionou o papel dos policiais militares durante os atos já que, segundo ele, apenas observaram a ação dos invasores. “Será que toda inteligência do país não conseguiu perceber que centenas de ônibus chegavam a Brasília para esses atos terroristas e que nas redes sociais anunciavam claramente suas intenções de tomar as sedes dos Poderes da República? Falta de inteligência ou cumplicidade?”.
Robério apontou que a prisão das centenas de pessoas que praticaram vandalismo no Distrito Federal não é suficiente. “Não adianta prender apenas os peixes pequenos, que embarcaram nos ônibus para Brasília, alguns sem sequer saber quem pagava seu transporte, alojamento e comida. Tem muitos peixes grandes por trás desses atos criminosos que, após a reação negativa da maioria do país ao terrorismo que insuflaram há meses, agora procuram tirar o corpo fora. Mas suas digitais estão lá”, frisou.
E continuou: “as primeiras investigações mostram que existiram governantes, comandantes militares, empresários [vários do agro], deputados, que foram cúmplices, seja pela leniência, dando cobertura, ajudando a organizar ou insuflando há tempos o movimento que culminou com as tristes cenas em Brasília. Existem deputados eleitos pregando o golpe desde o dia 30 de outubro. Alguns deles agora condenam esses atos, mas não tenhamos dúvida que muitos deles se deliciaram com as cenas de barbárie de domingo em Brasília. São inimigos da democracia”.
O vereador acredita que somente uma apuração rigorosa poderá identificar os mandantes, nos vários escalões. “Não basta afastar o governador Ibaneis e prender seu ex-secretário Torres. Tem muito mais gente envolvida. Nesse momento, a linha do Ministro José Múcio, de conciliação com os golpistas não serve”.
No contexto democrático do Brasil, Robério destaca que o presidente Lula (PT) deve ter uma atitude firme perante à situação. “Se Lula e as instituições vacilarem ou forem brandos com os inimigos da democracia agora, poderão se tornar reféns deles novamente. Não se pode contemporizar com criminosos golpistas, que rasgam a Constituição em praça pública, quebram vidraças do STF, debocham do TSE, desrespeitam a vontade da maioria do povo brasileiro nas eleições. Por isso, o grito que surge das ruas é: ‘Sem Anistia’”.
Além da punição, Robério acredita que faz-se necessário repensar toda a educação política dentro dos quartéis e das Forças Armadas. “Ao mesmo tempo, reabrir o debate sobre a desmilitarização – não desarmamento – das Polícias Militares, que passem todas a ser polícias civis, como ocorre nos países mais civilizados da Europa. É preciso educar para a democracia, o humanismo e a tolerância”.
“Principal responsável tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro”
Para Robério, o principal responsável pelos atos golpistas é Jair Bolsonaro. Segundo o vereador, o ex-presidente incitou os apoiadores a se rebelarem contra o resultado das eleições passadas. “É preciso punir o principal responsável pelo grave ataque à democracia e a tentativa de golpe, que tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. Ele sim é o principal criador do clima de hostilidade e ódio contra as instituições e a democracia instalado no Brasil”, afirmou.
O vereador indicou que Bolsonaro atacou “seguidamente o STF e a Constituição durante os quatro anos de mandato”, além de estimular a desconfiança contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o sistema eleitoral, “se negando a reconhecer seu resultado e a fazer a transmissão da faixa, fugindo do país alguns dias antes”.
“Foi ele quem estimulou o bloqueio de rodovias em todo o país depois do resultado eleitoral. Precisa voltar [ao Brasil] também para ser julgado pela morte desnecessária de mais de meio milhão de irmãos brasileiros na pandemia, que não precisavam ter morrido não fosse o seu deboche para com a vida e a ciência. Sem anistia”, disse Robério.
Os ataques. Na tarde do domingo 8, manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado das eleições, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). A invasão começou após a barreira formada por policiais militares na Esplanada dos Ministério, que estava fechada, ter sido rompida. O Congresso Nacional foi o primeiro a ser invadido, com os manifestantes ocupando a rampa e soltando foguetes. Depois eles quebraram vidro do Salão Negro do Congresso e danificaram o plenário da Casa. Após a depredação no Congresso, eles invadiram o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). No STF, quebraram vidros e móveis, deixando um cenário de destruição.
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